Projeto Infarto

16-05-2011 06:37

Projeto Infarto da SOCESP e Secretarias de Saúde do Estado e Município reduz em um terço as mortes na Grande São Paulo

Segundo presidente da SOCESP, se o projeto for expandido para todo o país, 30 mil vidas poderão ser salvas por ano


A SOCESP e as Secretarias de Saúde do Estado e do Município de São Paulo desenvolvem, desde abril de 2010, o Projeto Infarto junto aos hospitais públicos da cidade de São Paulo, como piloto. O objetivo é reduzir a taxa de mortalidade por infarto agudo do miocárdio durante os primeiros atendimentos nos setores de emergência.

Já no primeiro ano - dados de 2008 - 2009 comparados com os de 2010 - as reduções das taxas de mortalidades por infarto nos hospitais que receberam as palestras e o treinamento foram, em média, de 28,8%, chegando a 44,6% em algumas unidades.

"Fazemos no Brasil quantidade pequena de tratamento do infarto do miocárdio com o cateterismo e a angioplastia, bem como com a chamada trombólise química, ou seja, a injeção de uma substância que 'dissolve' o coágulo dentro da artéria do coração para voltar a passar sangue", explica o presidente da SOCESP, Luiz Antonio Machado César, também coordenador do projeto. "Só com o treinamento adequado e o medicamento no momento certo conseguiremos salvar muitas vidas, com um custo que não é alto, já que o infarto, quando não é fatal, leva a dias de internação". Além disso, quando não adequadamente tratado, caso sobreviva, o paciente pode desenvolver insuficiência cardíaca com grande impacto na sua qualidade de vida além de recorrentes internações, e vários medicamentos, o que custa muito caro para o sistema de saúde, comenta Machado César.

O cardiologista explica que a taxa de mortalidade hospitalar por infarto depende de muitos fatores, sendo os mais importantes a idade e o tratamento precoce para a abertura da artéria obstruída, tanto com a angioplastia quanto com a trombólise. "Infelizmente o número desses dois procedimentos no Brasil não aumentou nos últimos 25 anos" afirma.

Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde do Estado de São Paulo, as taxas de mortalidade variam de 7% a 35%. Nos hospitais não especializados em cardiologia esse índice é frequentemente maior que 15%. "Os motivos do elevado índice podem ser três: a ida tardia do paciente ao hospital, após as primeiras doze horas do início dos sintomas; o diagnóstico inadequado no hospital dentro do tempo necessário; e ao não tratamento com trombolítico na emergência, como é indicado", explica Machado César. O Projeto Infarto atua diretamente nas duas últimas situações junto aos médicos e enfermeiros que trabalham nas emergências, por meio de palestras e o treinamento nos hospitais.

"Os resultados do projeto devem servir de base para o desenvolvimento de estratégias para reduzir as mortes por infarto em todos os hospitais públicos dos municípios do Estado de São Paulo. A intenção é levar o mesmo plano para os outros municípios do nosso estado. Caso se consiga que esse projeto atinja depois todo o país, poderíamos ter uma redução de pelo menos 30 mil mortes por ano no Brasil", conclui o cardiologista.

Sobre o Projeto Infarto

Em 2010, após a análise das taxas de morte por infarto disponíveis nos bancos de dados da Secretaria de Saúde do Estado, foram eleitos cinco hospitais de periferia que tinham alta taxa de mortalidade (maior do que 15%) e grande volume de atendimento por infarto. Após essa etapa, foram levantadas as características e condições de atendimento na emergência, os profissionais envolvidos, as faixas etárias prevalentes, a avaliação do tempo de início dos sintomas e as necessidades para a realização do diagnóstico e do tratamento.

 

A partir dessas informações, foi estabelecido um plano de avaliação e reciclagem dos médicos e enfermeiras desses hospitais. Uma equipe de cardiologistas da SOCESP realizou palestras e treinamentos para o diagnóstico correto dentro do tempo necessário e a aplicação adequada do trombolítico na emergência, se indicada..

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