Cuidados Intensivos ao Paciente com Cetoacidose Metabólica

Cuidados Intensivos ao Paciente com Cetoacidose Metabólica

 

Atualmente, podemos definir a cetoacidose diabética (CAD) e o estado hiperosmolar hiperglicêmico (EHH) em:
CAD_ é um desequilíbrio metabólico grave decorrente da severa deficiência de insulina. Caracteriza-se pela tríade clínica com glicemia elevada (>250 mg/dl), acompanhada por acidose (pH <7,3 e bicarbonato < 15 mEq/L) na presença de cetonemia.
EHH_ descompensação diabética aguda com glicemia extremamente elevada (> 600 mg/dl) acompanhado de osmolaridade efetiva (> 320 mOsm/kg), ausência de acidose e cetonemia ausente ou discreta, com alterações do nível de consciência, que pode progedir do estupor para o coma.


Fatores Desencadeantes
Os fatores que habitualmente desencadeiam um episódio de CAD ou EHH são:
    •    Sub-insulinização por omissão, redução da dose ou má administração da insulina (mais comum em adolescentes);
    •    Processos infecciosos (mais comum em pré-púberes);
    •    Transgressão alimentar;
    •    Problemas psicológicos, econômicos e sociais;
    •    Vômitos repetidos;
    •    Estresse cirúrgico;
    •    Gravidez;
    •    Síndrome de Münchausen.


Quadro Clínico

Na CAD o quadro clínico não é específico. A poliúria, polidpsia, perda de peso e desidratação ocorrem com frequência. Geralmente o paciente está em alerta. No entanto, muitas vezes, devido efeito das prostaglandinas, o paciente pode apresentar hipertermia. Há taquicardia podendo haver hipotensão e até mesmo choque. O hálito cetônico e muito comum e a respiração Kusmaul indica acidose metabólica.
No EHH o exame clínico revela importante desidratação e alguns pacientes podem estar em estado de choque hipovolêmico, devido a poliúria. A taquicardia está presente. depressão do sensorium relaciona-se com o grau de hiperosmolaridade, podendo em alguns casos, apresentar coma, convulsões e quadros neurológicos de paresia ou plegia.


Cuidados de Enfermagem

O enfermeiro intensivista deve reconhecer o quadro clínico da cetoacidose diabética e iniciar as medidas de suporte para evitar as complicações. Deve-se estar atento aos estados de choque hipovolêmico, distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos, pois o paciente quando é admitido na UTI geralmente encontra-se num grau avançado de desidratação. O objetivo do tratamento é a reposição volêmica do paciente descompensado.
Com finalidade didática a abordagem terapêutica será dividida em medidas gerais e medidas específicas no atendimento de admissão de um paciente com cetoacidose diabética na UTI.

1- Assegurar o “ABCD" primário verificando as condições clínicas do paciente,
2- Avaliar o nível de consciência chamando o paciente pelo nome e avaliar sua capacidade de resposta,
3- Instalar catéter de oxigênio a 2 L/min mediante a avaliação do padrão respiratório,
4- Monitorar o paciente e ficar atento a possíveis arrtimias devido a espoliação de potássio,
5- Obter um ou mais acessos venosos calibroso, pois geralmente o paciente encontra-se num grau severo de desidratação e a reposição volêmica endovenosa é a prioridade,
6- Contactar com setores de apoio, como laboratório e RX rapidamente,
7- Iniciar dieta zero até que o paciente esteja consciente, sem náusea, vômito ou distensão abdominal,
8- Realizar teste de glicemia capilar,
9- Reiniciar alimentação por via oral de modo progressivo, iniciando com líquidos até ter certeza de que o paciente tolera alimentos sólidos;
10- Avaliar necessidade da passagem de SNG devido diminuição do nível de consciência com risco de aspiração, vômitos incoercíveis, distensão abdominal, íleo paralítico, e a passagem de sonda vesical para controle do balanço hídrico,
11- Reposição de insulina,
12- Correção dos distúrbios eletrolíticos,
13- Correção da acidose metabólica.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
    1.    Zipes DP, Wellens HJ. Sudden cardiac death. Circulation. 2008;98(21):2334-51.
    2.    Zheng ZJ, Croft JB, Giles WH, Mensah GA. Sudden cardiac death in United States, 2006 to 2008. Circulation. 2007;104(18):2158-63.
    3.    Black JM, Matassarin-Jacobs E. Enfermagem médico-cirúrgica: uma abordagem psicofisiológica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008.
    4.    Iglésias JCR, Oliveira Júnior JL, Dallan LAO, Lourenção Júnior A, Stolf NAG. Preditores de mortalidade hospitalar no paciente idoso portador de doença arterial coronária. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2010;12:94-104.
    5.    Kim MJ, Amoroso-Seritella R, Gulanick M, Moyer K. Clinical validation of cardiovascular nursing diagnoses. In: Kim MJ, Mcfarland GK, Mclane AM, editors. Classification of nursing diagnoses: proceedings of the fifth national conferences. Saint Louis: Mosby; 2004. p. 128.
    6.    Faria MFG. Diagnósticos de enfermagem respiratórios em pacientes cardíacos cirúrgicos [dissertação]. Ribeirão Preto: Escolade Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 2005.
    7.    De Gasperis M. Implementing nursing diagnosis in the critical care setting. Dimens Crit Care Nurs. 2011;2(1):44-9.
    8.    Kuhn RCE. American Association of Critical-Care Nurses. In:Proceeedings of 9th NANDA Conference on Classification of Nursing Diagnoses; 1990 mar. 17-19, Orlando. Orlando:NANDA; 2004. p. 209.
    9.    Rantz ME. Integrating nursing diagnosis in long-term care. In: Proceedings of 11th NANDA Conference on Classification ofNursing Diagnoses; 1994; mar. 26-30; Nashville. Nashville:NANDA; 2004. p. 29.